Al Qabri Ramos

Paridez do mundo




A frente polar atravessou-se no caminho
e nem o gelo nos tornou mais frios,
mais desumanos, mais surdos e mudos
quando olhamos imagens de guerra distante,
inútil, grosseira, primata, insensata,
entre credos e políticas, entre arrogância e poder,
entre autómatos e reles homens que se esqueceram
da sua condição de viver e, no avesso matam,
sedentos; inocentes e apáticos, e fazem-no


como quem fode
como quem pode,

Na usurpação, na leviandade, na inércia,
no sangue alheio, no coletivo, no eu-entalado
acoitam-se e calam-se direitos distorcidos,
com o apelo a Deus e ao Diabo
confundem-se democracias com ditaduras mascaradas
regicídios e totalitarismos, metralham-se religiões
e teocracias, e então, Deus Procurado
encontra-se em parte incerta, naquele cenário
de hostilidades, gritando a sua desresponsabilização,
perante os livres-arbítrios concedidos
As opções são sempre as mesmas: inutilizar o outro,
que de moles, pobres e crentes se limpe o planeta.
De fracos não reza a história, filhos.
Os reizinhos do nada querem governar,
e fazem-no


como quem fode,
como quem pode.



Comentários

vladéfoda disse…
se puder eu fodo
Ira Buscacio disse…
Gostei muito!
Netto Feel disse…
WOW! Escreves tão bem, transformando as tragédias do mundo para um poema. Parabéns pela escrita!
Nina Owls disse…
Obrigd Ira...

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