Matza di Lourde
Tesão pura e dura
Foderam como animais
perdidos nos instintos e
no cheiro das memórias antigas.
Das primeiras!
Não acreditavam poder esquecer,
mas a fúria ou fome ou angústia de perda
refletiam dessa impossibilidade!
Sedentos, miravam-se de olhos colados
à pele dos olhos da pele do outro.
Íris afundada na íris, oval semicerrada.
-Quero-te! - era palavra nenhuma,
eram grunhidos e fonemas, sim,
eram fonemas e não um quero-te,
fonemas que significavam "foder"
ou "comer" ou "sangrar" e todo o resto
era derme arrepiada na derme a escaldar.
Sexo que irrompe caudal, lascívia,
corrupio louco de doideira.
E fome da fome toda que tiveram
e que iriam ter.
Suspiros e suor, o cansaço ao fim de perto
duas horas tomou conta de ambos.
E uma estranheza de gente e não
de animal tomou conta do espaço.
Nos braços do outro, toda a
eternidade se encolhia.
Amanhã não existiria, não naquele cheiro,
naquele corpo, naquela dimensão de química.
Deixaram-se fechar os olhos
e sentir o cansaço tomar conta deles.
Mas ali naqueles corpos, sentiam-se em casa.
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