Laura de Jesus

Pintas

um céu de chuva parda
é terra e pó e nada
deslace de ais
balanço de corte final

enxada no ombro, ate já
pá que cobre o teu corpo
tristeza no ar e
este jeito de quem não sabe perder,
nem flores nem caixas
nem fitas nem adubos 
nem recordos teus
nada pode recuperar-te
oferecias sorrisos em vida
e a comunicação foi cortada.
ainda te chamo, te confundo
viva entre os demais,
chamo-te pintas, pintas
e tu não voltas, nunca mais।

não te digo adeus que te mancha a paz
e a marcha na subida aos céus।
sim, porque deve haver 
um céu para cães agnósticos.


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