Alma Novaes
A Jorge Santiago (poema: A um Velho)
Mete o piano no poema e arranca-lhe mis
e sois e ré e fás sustenidos
e deixa-o gemer contigo. Açoita-o.
Deixa-o chorar as rugas, os amuos
os retratos de saudade, a tesão e virilidade
e a vaidade dos poetas.
Vá, castiga-o, volta-o de costas pra parede
retira-lhe qualquer pingo de natureza viva,
qualquer verde. E se preciso for, renega-o,
pisa-o, desconstrói a dor do tempo e
de qualquer arrependimento. Retira
silicones e botox, o verniz e a sombra.
Despe-o em público e dá-lhe bordoadas.
E mesmo que ao espelho te embaraces
pelos cabelos brancos do poema, pela prótese
nunca lhe chames velho, nem dele troces.
Terá sempre um lamiré,
um si bemol pra te dar nos
momentos mais obscuros
(o ego a gozar com a tua cara).
Porque tempo de que é feita a carcaça,
continua a ser a melhor invenção do
homem, pra separar os feitos e
transformá-los em feitios.
Comentários
bjos
Bjo Mê
aTé ao silêncio de marfim, das teclas adomecidas.
Eu já de mochila feita, amanhã vou encher os olhos de verde e esvaziar o cinzento da cidade.
Vou-te lendo conforme a disponibilidade dos sítios.
um beijo e uma semana pianissima :)
fazendo figas pra que "tudo" corra dentro do esperado. Que seja algo pra recordar durante muito tempo. Envio-te daqui energia positiva da cor da tranquilidade e amor ;) hasta