Crónica Mercurial na barganha entre Sagi e a Sorte

 




Confesso-me apolítica, dentro dos limites do que é dizer-se apolítico, na medida em que todos somos defensores de causas e de coisas que nos remetem para determinado rumo, seja ele nos extremos ou na moderação. Sou de moderação, podendo. A única pessoa nesta casa que continua a seguir os debates políticos é a minha mãe. Eu sigo apenas os debates astrológicos. Governo-me pelos aspetos e trânsitos globais que prenunciam coisas menos boas em detrimento de causas sociais universais. 

Não importa qual seja o partido a governar neste país jardim plantado à beira-mar, debruçado sobre as descobertas quinhentistas (nós é que fomos...) e ancorados na ambição de servir ao mundo o mais belo turismo, consultando as revistas e sites que enunciam esta ou aquela outra cidade portuguesa para onde enviam os seus clientes em massa. Somos um país de subserviência. Preservados pelo aspeto geográfico.

A minha mãe gosta da Catarina Martins. Eu também. Não obstante os mas. A minha mãe continua a dizer que ela chegou bem para o Gouveia e Melo mas afirma que o candidato que vai conseguir mordomias, por estar a ser levado ao colo pelo sétimo poder e pelos conservadores sempre presentes da nação é o Marques Mendes. Ela não gosta dele. Eu digo-lhe que ele é mais uma marioneta instrumentalizada do poder sempre presente, mesmo quando foi o Partido Socialista (Esquerda? Centro?) a governar.

O que os conservadores do Partido Social Democrata conseguiram foi provocar uma lacuna de descontentamento, bem como os socialistas, que está a ser bem aproveitada pela extrema-direita (não é caso para dizer que já chega de ditaduras, após termos vivido uma ditadura de quarenta e quatro anos e sermos levados ao colo pelos Salgueiros Maia, arrancados da miséria económica e mental pelos generais sem medo?)...

O grosso da fileira na extrema-direita sempre serão os frustrados, os que nutrem uma ambição desmedida pelo sucesso, os ninguém (tal como o autor de Mein Kempf) . Quando um povo se não revê na política governamental e vê desmoronar os pilares da democracia (e são eles a educação, a justiça, a saúde e a economia), pouco resta, porque se vê tudo perdido. Retrocessos na lei laboral, emigração e imigração, atam-se incêndios para que estes oportunistas promovam o que aí vem, e volto a ancorar o mapa astral dos próximos três anos. No próximo ano e meio, forças policiais, idosos descontentes e os etceteras engrossarão a extrema-direita (o tecido do partido), demitindo a si mesmos o poder de raciocínio e elegendo o lobo que veste a pele de cordeiro. Os Le Pens do mundo fedem e multiplicam-se. Aqui entra o sétimo poder associado aos conservadores. Quando o incêndio estiver em todas as vertentes, quando o naufrágio for declarado oficial, os ratos, toda essa ala de naftalina abandonará o navio, depois de esmifrados os pilares do povo, depois de alinhavadas as cláusulas da Constituição e darão alvíssaras a quem for para a frente da manada, gritar: Aqui del Rei, que os cofres estão vazios, que a pilhagem foi feita com sucesso. Nesse tempo, poucos se atreverão a falar, porque a censura estará a tornar-se vigente e oficial. Eu que não percebo nestum de coisa nenhuma, que me fixo na entrada de Saturno (o meu prof eleito) e Neptuno no início da mandala e vos digo que não será fogo de palha. Serão batalhas internas e externas para que o bom senso retorne. 

A natureza visitará este jardim plantado à beira-mar com intempéries nunca vistas, o medo será acionado, as bandeiras vermelhas hasteadas. E a falsa questão de os imigrantes ver-se à transmutada. Uma cirurgia dolorosa. E as nossas crianças? Porque se veem ignoradas? Não são elas os homens e mulheres do amanhã? A sociedade, tal como um rebanho, tal como papagaios, repete o bê à bá de padrões desatualizados, de desenquadramentos políticos, económicos e sociais. Que teimam em cortar o direito ao livre pensamento, à liberdade de expressão e teimam no mais do mesmo.

Hoje não chove. A minha mãe vaticina que nem por parecer tempo de Verão, se acalmarão os manda-chuvas! E eu digo que o trânsito de Júpiter mostrará a muitos o poder da oração, de joelhos, de gatas, em pé, sentados ou abduzidos, o céu arrisca prenúncios de má sorte, se o status quo se mantiver no politicamente correto e na farsa. Acordem. Ainda estamos a tempo de declinar um futuro de naftalina e censura. Mercúrio retrógrado terminará, nesta dança entre sagitário e escorpião com as falsas premissas, com os engodos, com as mentiras, as intrigas e o lodo. Façam a vossa parte ou reinará, para nossa tristeza, Marte. Por vós, pelos homens de amanhã, pela vossa sorte, não permitam que se instale novamente a trupe que corta a glote!

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