Annie Ernaux, não saí da minha noite

 





Uma evocação inesquecível de amor, de memória e da dor de separação 

entre mãe e filha

No verão de 1983, durante uma vaga de calor, a mãe de Annie Ernaux sentiu-se 

mal e foi hospitalizada. Aperceberam-se de que não comia nem bebia há vários 

dias, estava desorientada, revelava falhas de memória. Pouco depois, foi 

diagnosticada com a doença de Alzheimer. «Não saí da minha noite» foi 

a última frase que escreveu, numa carta a uma amiga, quando já se encontrava 

a viver com Annie, que nos três anos seguintes manteve um diário. 

Aí registou não apenas os sinais do agravamento da doença da mãe, 

mas também os seus próprios sentimentos ao ver-se impotente, 

assistindo ao definhar daquele ser que lhe deu vida. 

«Sonho muitas vezes com ela, tal qual era antes da doença. 

Está viva, mas esteve morta. Quando acordo, durante um minuto, 

tenho a certeza de que ela vive realmente sob essa dupla forma, 

morta e viva ao mesmo tempo, como as personagens da mitologia 

grega que atravessaram duas vezes o rio dos mortos.»

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