Do inconsciente coletivo: You raise me up
You raise me up mas isto não é sobre elevação, nem glória, logo, o jogo de aparências outra vez. Este post fala de outra coisa que de glorioso só se calasse a boca dos malditos com merda doce!
-Continua, filha, vais muito bem (o meu pai sim, eleva-me)O inconsciente coletivo precisa de um grito e não de absinto!
(mas é claro que este post não é para preguiçosos desabituados de leitura, mas para curiosos, e para maldizentes até pode dar caganeira)
Eu tenho para mim que a malvadez enraizada e a inveja disfarçada (roçar cotovelos em arame de aço, por exemplo, alivia) só passa assim:
- Samicas de caganeira, bruxaria e malvadez só dá dinheiro! Para já, é só isto! E quando mais (ou muito), diarreia e verborreia (eu não vos sirvo para defunto, nem aqui, nem em Tarouca da Areia), mas disto não reza a história da conta que Deus (em mim) fez!
E eu sou tão brincalhona (sou a filha do Francisco Guedes), que até vos trago chicharro, catarro, pra rir, a vida assim me quer, só para evitar a rima e o refrão que só me dão comichão. E como o RAP, autor do Kunami, anda noutras andanças, perdoem a redundância, que ando tão cansada de pleonasmos que passo já ao que trago, que é muito melhor que qualquer cocktail em voga e, agora, cocem o rabo, perdão, rocem, ups, não era isto que queria dizer, segurem o dito e leiam, em tom calmo e espraiado porque eu ando cansada, mas não tenho a corda ao pescoço! Essa não sou eu, é o tremoço, esse moço que é réu! E o réu, no auto da Barca do Inferno é o parvo, essa sim, sou eu, a parva Joane e deixo-vos aqui então o petisco melhor que qualquer kunamilíssimo! E continua a procedência (Francisco Guedes e Gil Vicente) a que devo obedecer. e parece que os tolos só se enganam com bolos, e todo o burro come palha, é preciso é saber dar-lha, e eu, até sou parva e tudo. Por obséquio, façam lá o embrulho porque a minha criatividade ainda vai no adro e eu tenho tanto que fazer, neste carvalho, perdão, neste trabalho, o do Inconsciente coletivo. Avivar-vos a memória do auto da barca do Inferno, que a memória aqui remonta ao século quinze, mas não os contei eu, não sou crente, foi o sábio Gil Vicente!
Auto da Barca do Inferno
Vem Joane, o Parvo[1], e diz ao Arrais do Inferno: Hou daquesta[2]!
Dia.
Quem é?
Par.
Eu sô.
É esta a naviarra[3] nossa?
Dia. De quem?
Par.
Dos tolos?
Dia.
Vossa.
Entra!
Par.
De pulo ou de voo?
Hou! Pesar de meu avô[4]! Soma[5], vim adoecer e fui má-hora morrer, e nela, pera mi só[6].
Dia. De que morreste?
Par.
De quê?
Samicas[7] de caganeira.
Dia. De quê?
Par.
De caga merdeira!
Má rabugem[8] que te dê!
Dia. Entra! Põe aqui o pé!
Par. Houlá! Nom tombe o zambuco[9]!
Dia. Entra, tolaço eunuco[10], que se nos vai a maré!
Par. Aguardai, aguardai, houlá! E onde havemos nós d'ir ter[11]?
Dia. Ao porto de Lúcifer.
Par. Hã-ã-ã...
Dia.
Ò[12] Inferno! Entra cá!
Par. Ò Inferno?... Eramá[13]... Hiu! Hiu! Barca do cornudo. Pêro Vinagre, beiçudo, rachador d'Alverca[14], huhá!
Sapateiro da Candosa[15]! Antrecosto[16] de carrapato! Hiu! Hiu! Caga no sapato, filho da grande aleivosa[17]! Tua mulher é tinhosa[18] e há-de parir um sapo chantado[19] no guardanapo! Neto de cagarrinhosa[20]!
Furta cebolas! Hiu! Hiu! Excomungado nas erguejas! Burrela[21], cornudo sejas! Toma o pão que te caiu! A mulher que te fugiu per'a Ilha da Madeira! Cornudo atá[22] mangueira, toma o pão que te caiu[23]!
Hiu! Hiu! Lanço-te űa pulha[24]! Dê-dê! Pica nàquela! Hump! Hump! Caga na vela! Hio, cabeça de grulha[25]! Perna de cigarra velha, caganita de coelha, pelourinho da Pampulha[26]! Mija n'agulha, mija n'agulha!
Chega o Parvo ao batel do Anjo e diz: Hou da barca!
Anj.
Que me queres?
Par. Queres-me passar além?
Anj. Quem és tu?
Par.
Samica alguém.
Anj. Tu passarás, se quiseres; porque em todos teus fazeres per malícia nom erraste. Tua simpreza t'abaste[27] pera gozar dos prazeres.
Espera entanto per i[28]; veremos se vem alguém, merecedor de tal bem, que deva de entrar aqui.
Vocabulário
Joane é uma forma antiga de João. Parvo significava inicialmente "pequeno" e depois foi utilizado para "pequena inteligência"
desta (barca)
barcaça
com mil demônios
resumindo
solitariamente
talvez
sarna
barco (de má qualidade)
eunuco tolo
dirigir-nos
ao
que hora má
aldeia do Ribatejo
distrito de Coimbra
costas
falsa, traidora
má
posto
medrosa
expressão que indica que as mulheres dacusadas de menos honestidades em cerimônias tinham que montar um brurro
até
outra forma seria "o demo que te pario!"
injúria
tagarela
bairro de Lisboa
tua simplicidade seja suficiente
para ir
E agora, uma pergunta para 11.500 euros: Porque deixaram embarcar a parva?
resposta a) porque faziam dela tola e ela era só parva?
resposta b) porque achavam que bruxaria a tolheria se ficasse em terra?
resposta c) porque o diabo queria conhecê-la?
resposta d) porque a parva não tinha malícia nem estultícia e jogava bem xadrez?
resposta e) todas as respostas menos a b e a c
resposta f) todas as respostas estão corretas?
resposta g) todas as respostas estão erradas?
Digam-me lá vocês que juro que ainda vos pago os 11.500 com juros mensais atualizados à taxa euribor, perdão, em rigor, perdão outra vez, em vigor pelo meu banco de cozinha!Juro que limpo o banco com um pano de farinha, perdão, cocaína, perdão outra vez, este teclado inteligente só me deixa ficar mal, estricnina, perdão, Zirinha, assim é que é!
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