Cristina Guedes




Thunderclouds



Díade razão/afeto: corroborando outras teses.



Quem sabe, se em mim acender o desejo e arrancar á boca o beijo, possa reinventar outra forma de fazer o amor porque acho que perdi no cansaço das palavras e dos gestos toda e qualquer tesão. Não depreender desta confissão outra coisa qualquer, outra palavra não dita, discussão, sou a mesma mulher, o coração é que palpita mais devagar. Quem sabe o amor seja um hábito, do qual nos desabituamos quando não há o jeito calmo de dizer palavrões, de tropeçar carícias-azedume e de mascar pragas silenciosas, quando voltas as costas. Quem sabe de culpas sejam os dois, de cansaços ambos. E a faísca não risca incêndios tal como nos foi acostumando.

Adio, então a razão, a compreensão, essa velha necessidade que tenho de entender os afetos e as mudanças, os corpos sãos e os estilhaços. E já não te vou colher, recolher, escolher belas poesias para o teu regaço, palma da mão, bebo-as diretas quando a noite se redimir, em nome da nossa, da outra, outrora combustão.


In a Prosa dos dias





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