Al Qabri Ramos


foto retirada da web
Desolação

Que faço deste tempo 
arrastado
onde só os pássaros 
enfrentam o gelo
e até os peixes se 
arrepiam de rio?
Que faço com o vento 
na cara
se não é uma ave rara
e não vem pelo entardecer
ajudar a recolher
os animais no pasto?
Que faço com a tarde de frio
que amontoou cartas sem selo
dos meus quereres antigos?

Que faço de mim, 
que faço comigo,
daqui pra sala, da sala
para um livro qualquer
gasturas, suspiros, 
saudades caladas
e passam, entretanto, 
anos, vidas
mas nem sombra 
do teu ombro
Do que me recordo, 
dos cigarros,
da música, dos escritos
no teu abraço morno?

Que faço eu desta tarde,
que não posso fazer contigo?
que faço com esta 
data de calendário
que assinala aniversário antigo?
Que faço meu pai, hoje
quando a chuva ameaça
contágio e a desolação 
traz o teu nome e sabe 
a nunca mais?



in Dores d'alma


Comentários

oi, me nina, não te sabia poeta. poeta em momentos de ousadias sensuais provocantemente belas. poeta em momentos de um viver amargo que quer sorrir e livrar-se do encargo.
tuga, estou adorando tudo isso!
sorria e gargalhe.
beijão
Nina Owls disse…
;)
gracias
vida de vidro disse…
Poeta, mesmo! Dessa dor tão (bem) gritada. **
Nina Owls disse…
vocês são simpáticos, mas sabe-me tão bem expressar o que sinto e partilha-lo convosco. Gracias again pela disponibilidade pra leitura, nem sempre agradavel, das minhas dores ;)
além das dores, também quero, também queremos suas cores.
beijão.
Luna disse…
Existe dadas que não passam e ficam a preto e branco gravadas no coração
beijos
Nina Owls disse…
verdade Multiolhares. Muito do que somos fica reflectindo isso mesmo.
Bom domingo

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