Os dias somam-se e somem-se

 Acabaram de me medir as tensões porque as intenções não têm como.

Desde manhã, este sabor metálico na boca. Parece chumbo.

As lágrimas saem sem sal. E este chumbo, agora que cheguei da farmácia e ela queria chamar o INEM e eu tive que recusar, dizia-me: impossível que as suas tensões subam, você toma o bisoprolol. As tensões estão baixas e aproximadas. Você pode estar a mascarar a coisa. 

Agora que já estou novamente deitada, na horizontal e que já bebi água com açúcar, que já comi um donut e duas sandes de fiambre, não entendo porque estão ainda mais baixas e mais aproximadas. O meu pulso não chega aos 45. 

Eu tenho uma tese: Sistema nervoso.

Não, não estou nervosa. Só agitada internamente. Só magoada. São mágoas a somarem-se ao infortúnio dos outros. A tristeza dos tristes incomoda-me sobremaneira. 

Não me dá jeito um enfarte agora, cada coisa no seu momento. Daqui a um mês podem dar-me todos os enfartes, mas não hoje e não agora. 




E, sobretudo, tenho o melhor dos médicos comigo, o mais experiente e conhecedor. Sim, Deus está do meu lado. Esse email que não consigo terminar, talvez seja por causa dele que estou assim. Não quero voltar ao âmago das minhas dores via escrita. Quero a oralidade. Preciso dela. Os trânsitos planetários colocam-me marte em quadratura, mas onde? Onde ele vai estar pelos próximos anos. Em mim. Eu sou uma guerreira que luta por causas justas. Marte é um cão domesticado. E se eu disser: Não ladra, ele vai obedecer-me. Júpiter aqui ao lado diz que sim, entre sorrisos. Enlouquecer é falar com astros? Pode bem ser. Eu falo com astros, com flores, com pedras e sim, com Deus. E Ele responde-me. E diz-me que amanhã se irão todos os nós da garganta, a dor esgaçada entre a omoplata e o peito. O cabeleireiro está marcado. E não marco hora para a partida. Deus sabe o que faz e onde me quer. Deus disse-me que não tinha qualquer serventia por lá, ainda. Que ainda ia trabalhar muito por cá. Confio nele. Extrassístoles são um mal menor. O meu coração é de oiro, é de oiro o meu coração.






Para ti que me levaste ao extremo de mim, dizer-te que estás perdoado há muito. Que todas as mágoas que me provocaste aconteceram porque tens o teu coração cheio de remendos e feridas abertas. E no dia da nossa lição que será pública (veste-te com amor e desprende-te de vaidades) se me permitires, também te curarei o coração e a alma. Fizeste parte de mim mas já não fazes. Nada te sou, nem uma inimiga. E não te quero mal. Bem pelo contrário, quero que sejas tão ou mais feliz que eu. Que te não falte compreensão e entendimento para não subjugares mais ninguém, que a tua boca não sirva para diminuir o outro mas sim para engrandecê-lo. Nunca te quis mal. Nem quando as coisas chegaram no apogeu da dor, eu te quis mal. Se ao menos pudesses entender que o amor ao outro passa primeiro pelo amor a nós mesmos, se ao menos pudesses esquecer a dor que carregas desde criança pela violência que não entendias dos teus progenitores. Se ao menos pudesses reconciliar-te contigo mesmo. 




O que me ocorre neste momento, se passares por aqui para me ler, sente a paz que te desejo, a paciência de entender os demais e a cura do teu passado. Cura-te. Quando me vires outra vez, não hesites em ser quem és. Não te esqueças, porém que todos estamos cá para aprender. E sim, sou tua professora. E que posso desejar mais do que boas aprendizagens, sensatas e prazerosas. Up u go, força nas canetas que a felicidade já te espera na esquina do passado, onde vais buscar amor depois do aprendizado. Be happy.

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