Pra não dizerem que não falei de flores














Trago cravos. Porque hoje já é 25 de Abril.

A mulher que está por detrás da revolução romântica do país e única no mundo. 

 Celeste Caeiro. E Salgado Maia, a figura protagonista: "Nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos.

Então, quem quiser vir comigo, vamos a Lisboa e acabar com isso.
Quem for voluntário, deixe-o sair e treinar.
Quem não quiser sair, fica aqui."
Capitão Fernando José Salgueiro Maia, dirigindo-se às tropas antes de marchar para Lisboa, na madrugada de 25 de Abril de 1974.

O 25 de Abril aconteceu em Portugal, em 1974, mas repercutiu no mundo, pela sua peculiaridade. Não houve armas disparadas, nem sangue jorrado. Contra a militância do Estado Novo e a ditadura, os cravos impuseram, através dos capitães de Abril, a nota subtil e única, nota sinfonia em tons de vermelho-paixão, a tónica a um belicismo romântico, inimaginável até então. E irrepetível até à data. 

Contra os vilãos se ergueram mentes estrategas, que em clausura, bem coordenados por Salgueiro Maia, o capitão corajoso da democracia, tomaram conta da Rádio, da Televisão, e de outros órgãos e, assim, alinhados ao novo paradigma, o da liberdade (e vale o que vale, devido ao conceito e à extensão prática do que é, afinal, liberdade), resgataram o país das sombras da miséria e da ignorância (vivíamos uma espécie de tempo das trevas, vulgo idade média) e catapultaram o país para uma aproximação àquilo que vigora hoje no resto da Europa, a tal da pseudo-liberdade, pseudo-democracia e pseudo-neoliberalismo selvagem que nos traz hoje tantas outras problemáticas, a serem resolvidas quiçá à lei da Justiça, seja ela divina ou dos homens. Curioso gostarmos de festejar datas que nos arrancaram a essas trevas e não exercermos a nossa cidadania plena, não intervirmos na construção de uma sociedade melhor, mais igualitária, menos consumista e mais humanizada. Mas isso são contas para a próxima revolução que, por certo não será de flores. Acredito em flores, mas não nas massas. O futuro ao futuro. Que se vivam essas ansiedades mais à frente. Agora, sopram-se as velas à democracia portuguesa, jovem de 50 anos e, cantam-se as músicas de intervenção que viraram hinos da nossa esperança. O meu pai partiu a 10 de Abril de 75. Não comemorou o primeiro aniversário desta festividade, embora tenha contribuído para ela. Lembro-me (foi há 50 anos???) de ouvir os cartuchos da Grândola vila morena e de todos os hinos do Zeca Afonso, dentro do Simca 1100, de matrícula GH-25-50. Longe de imaginar que seriam datas e números que iriam ser divisores de águas também na minha vida.

- Pai Francisco, cá estamos a comemorar o 25 de Abril que te deixou tão esfusiante de alegria. Tanta que me contagiaste até hoje! Ah Paizinho, os ideais e os valores são o melhor que temos. Brindo a nós pela hora de almoço. 


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