Sílvia Pérez Cruz & Cástor Pérez


 - Veinte años

Bom dia, amor da minha vida.
Se esta música tivesse sido escrita por mim, contaria vinte e cinco anos, desde que te perdi. E teria que empregar mais vezes a dor e a injustiça destes 25 anos, sendo que a música é um lenitivo que tem o condão de escamotear o sofrimento, esteja ele no intérprete, na memória ou nas estrofes líricas da canção. Quando penso nisto, dói-me tudo! Segundos, dias, meses, anos, décadas de uma procura incessante por ti noutras pessoas, situações e nada, nada, nada, mesmo nada do que vivi contigo cheguei a viver com outro personagem. E quando a ilusão era criada, depressa me dava conta que era tudo irreal e fugidio. Sempre na esperança de alcançar o meu sonho de menina, do meu cavaleiro andante, do homem que representava tudo o que eu houvera sonhado. E o castigo é maior, neste momento. Porque tu és esse homem, continuas a sê-lo, o sonho feito realidade mas és cavaleiro de outra donzela que não eu. Talvez haja outra princesa para ti, porém, permite-me dizer-te que não, que estás equivocado e a prova maior que tenho disso é o beijo que recusaste dar. Essa é a minha prova! Fugiste do meu beijo, negaste esse beijo inocente que te pedi. Recusaste sentir. E podes inventar que eu fumo e tu já não e que beijar-me seria como beijar um cinzeiro, lol, até podia ser, mas não foi. Negaste-me a tua essência, negaste-me e fugiste-me. Não vejo isso como cobardia, mas antes como a prova irrefutável de não te permitires um regresso ao passado. Mas meu amor, quando me procuraste, por duas vezes, em nenhuma delas era o nosso passado de há vinte e cinco anos atrás. Sabia-lo e eu também. Quando te disse que continuava a amar-te, lembro-me que disseste, também como forma de fuga: mas já passou tanto tempo, nós não somos os mesmos, como sabes tu...? 
E depois, perguntaste-me quais eram os meus planos para o futuro e eu te disse que era estudar, estudar mais, continuar a estudar e continuar a ajudar outras pessoas, criar uma fundação e, tu, algo arreliado, disseste que a pergunta não era sobre os planos profissionais, mas não conseguiste verbalizar a pergunta e eu não consegui atingir que irias fugir, novamente.
Ir contigo lanchar, passear e ver-te, depois, no telemóvel, ao meu lado, a falar com alguém que te remetia ao que estás a viver, não me fez sentido algum. E a minha dor ganhou e fugi eu, alegando que viria a casa, buscar os meus cigarros e fugi, caí na estrada, na valeta da estrada, parti o nariz e o telemóvel, mas isso não me doía, o que me doía mesmo era o corte do sonho que eu estava a ter. Continuas a ser o meu sonho, não obstante todas as dores do mundo. Volto muitas vezes às nossas memórias antigas, mas estas recentes é que me trazem provas de que não estou equivocada, ou será parte do sonho, do meu, de querer por força que acordes, por força que dês conta, que oiças o teu coração?
Em muitas circunstâncias da vida que não fiz contigo, depois da nossa vida ter ruído por artes diabólicas da PRAGA, recorri à fuga, para não enfrentar discórdias, recorri à fuga para não enfrentar os meus demónios e suscetibilidades. Hoje a minha postura é bem outra. Enfrento tudo, sem medo, sem máscaras, sem dar oportunidade aos meus medos de crescerem, de se agigantarem e se tornarem maiores do que eu. Não há medo nenhum (e podia-tos catalogar) que me faça sair do que tracei para mim ou de quem eu sou. Enfrento tudo! Menos o medo de te perder outra vez. Esse é que me faz chorar. E choro de saudades, e choro da dor de te não ter, mas também choro emocionada, pelo amor que ainda te tenho! E agradeço a Deus que me faz sentir este amor que é, afinal, a minha vida. Tu és a minha vida, pois és o que sinto de bom no meu coração. Imaculado, enaltecido, deslumbrado este meu coração perante a tua vida, perante todo o teu ser. Amo-te até transcender e, além. E dizer-te que não só as cartas de amor que são ridículas, também as canções de amor, também o amor platónico e não correspondido. Porém, eu sinto que tu sentes medo do meu amor, medo de sentires o que eu sinto. Também será ridículo este sentimento, no entanto, é o que sinto, o que "sei" dentro de mim. 
E escolhes fugir para uma Bebete, mas o tempo te dirá se é fuga ou, se afinal, não sou para ti tudo o que és para mim. 
Ainda não estou preparada para descobrir isso! E sim, estou traumatizada e não te procuro mais, a não ser aqui, desta forma não invasiva, porém declarada. Online. Se não mais, que o amor que te tenho te proteja dos que não sendo íntegros e honestos contigo, te tentem provocar danos. Que o meu amor te bem faça, ao coração, à saúde, que o meu amor possa atestar de quem és e poucos saberão, quem realmente és tu. E tu és o meu MESTRE, neste plano. Faustino, quero-te muito bem. Que a vida te seja mãe e não permitas malignidade na tua vida. Afasta o que não te enaltece e enobrece. Porque o teu coração é distinto e nobre. Meu querido, imensas saudades tuas. Beijo-te na alma e sonho-te nos meus braços!




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