Neil Young, 22.11
I've been a miner for a heart of gold
It's these expressions I never give
And I'm getting old
Keep me searching for a heart of gold
And I'm getting old
I crossed the ocean for a heart of gold
I've been in my mind, it's such a fine line
And I'm getting old
Keeps me searching for a heart of gold
And I'm getting old
You keep me searching and I'm growing old
Keep me searching for a heart of gold
I've been a miner for a heart of gold
Injeção de fé
Ela teve que sair. Passou o baton nos lábios e umas gotas de la vie, meteu uma echarpe ao pescoço, saiu de pantufas e só quando foi abrir o portão para tirar o carro, se deu conta que levava as pantufas nos pés. Voltou atrás. Calçou as botas pequenas, depois de umas meias. Saiu esbaforida. Tirou o carro, meteu a Kiri dentro e ligou a rádio. Afinal, o mundo ainda estava de pé. O peito doía, mas a música, ah, essa sempre a tinha curado. Ela pediu: - Pai, canta-me algo que eu precise ouvir. Neil Young cantava o heart of gold, só pra ela, só ela escutava.
Comprou o que precisava e quando abriu a porta, a Kiri tentou sair. Ia levá-la a dar uma corrida. Entrou no parque, depois de tomar café, deu dois gritos: Corre, Kiri, corre. Como se fosse ela que corresse. E correu, atrás da cadela. Sentia uma libertação, mesmo carregada de grilhões.
-Sabes, Kiri, hoje sonhei com ele. O coração batia a mil, e desconhecia se por correr ou se era o coração dele a bater no seu peito. O coração dele era de oiro, ela conhecia-o de olhos fechados.
Entrou no carro, depois de colocar o cinto, recebeu uma chamada de um tal S. Salvador. Não conhecia. O seu salvador não lhe ligava.
O dia estava seco, com sol e assim ia continuar. Ela tinha sonhado com ele. Uns downloads fantásticos. A vida era belíssima com música e amor.
Mais uns litros de fé a liquidificarem no sangue do seu corpo. A fé era amor sem limites. E sentiu um sussurro no ouvido, quando esta noite, saído do nada, o Neil Young lhe voltava a cantar com o seu coração de oiro. A fé ergue mortos. Move montanhas. Estimula o mundo. Sentia-se ungida. Lavou a dentuça, tomou uma goma de niquitin e deitou-se para dormir. Amanhã era outro dia.
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