Paul McCartney & Al Qabri Ramos

Blackbird


Tempo do Sizo


 sedimentamos afetos enquanto 

calcorreámos os caminhos feitos, 

antes dos beijos e das juras nos abetos,

estamos envelhecidos de sonhos e de medos, 

tudo o que temos para dar é o sorriso

que o raio do sol nos pôs, enquanto 

tínhamos a janela entreaberta, tarde adentro.

e já não há geadas, nem tremuras desenfreadas, 

nem noites nossas de loucura, 

e menos ainda segredos por revelar.

estamos envelhecidos de ilusões, 

mas prenhes do que a vida traz,

O pintalhão que bebericou o orvalho

da noite passada,

arrancou-me um profundo suspiro.

E cruzamos os nossos olhares

sem ver o outro, porque o outro 

já está dentro, e dentro somos nós.

Já só fabricamos tardes mansas 

e amanheceres lentos, 

como numa valsa que se quer eterna.

Estamos envelhecidos até nos nós dos dedos, 

que se põem brancos, 

enquanto conduzes, o que creio ser 

a valsa de um tempo só.

E o meu vestido já não é rosa e amêndoa, 

mas um pedaço de algodão tingido de céu, 

roçando os teus joelhos de sempre.

Estamos, porventura, envelhecidos de nós, 

e é aqui, quem sabe agora, que começamos 

a apreciar os outros, tomando o lugar 

de observadores, tal como os nossos antepassados. 

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