Domingo no mundo

 


A vida é feita de ciclos. Uns atrás dos outros. E ao que resistes, a vida insiste e a coisa persiste. Que é o mesmo que dizer: se tu queres batalhas, prepara-te para levares umas lambadas, porque a tua energia manda. Quando percebemos o ciclo anterior, o pior que pode nos acontecer é vir um outro, completamente fresco e novo e, afinal, a vida é mais do que a repetição de ciclos, se te deres ao trabalho de aprenderes o que o anterior te quis dizer. No facezukas, voltei a ver nos Monumentos desaparecidos, mais uma estação (h)à venda. Não era a do Rossio, nem a de Santa Apolónia, não senhores, era a minha, a de Campanhã! Juro que fiquei cega! Armei-me de nomes cabeludos, indignada com os governos sucessivos e sucessórios de indigentes e vadiagem que vende tudo ao desbarato, que "privatiza" tudo, que é o nome bonito pra dizer "precisávamos de granel para as nossas tão convidativas gordurinhas do estado", sim, porque um governo também precisa de um fundo de maneio para veraneio e, fui ao armário de ferramentas e já me preparava para implodir a assembleia da república! Afinal, desde que vi porcos a voar que já acredito em tudo, com um facilitismo de dar dó! Tive que tomar três cafés e meio! Afinal, era apenas e tão somente um erro de editor ou de perspetiva enviesada. O cavalheiro, ao apresentar a foto dos monumentos desaparecidos, dizia: Vê-se daqui a rua Pinto Bessa, e ao fundo, vende-se a estação de comboios de Campanhã! O que ele queria dizer era: Com a visão da Rua Pinto Bessa, dá para avistar ainda a nossa estação tal e tal. Não se vende e nem se vê porra nenhuma, mas ele também deve ter abusado do café, como eu, e vai disto! E como já vi paquidermes a andar de bicicleta, lá está, dá-me para acreditar nos insólitos erros ortográficos, gramaticais e sintáticos que me aparecem nas redes sociais. É por essas e por outras que deixei de frequentar as teias e quando vejo uma, vou logo com o paninho do pó limpar! Não vá ser à conta disso que me aparece uma blackwidow a reclamar machos que não lhe posso dar! Sim, um pássaro na mão é uma probabilidade forte de chamares o Pan mas mais do que isso, é uma forma de dares cabo da natureza. Pássaros não gostam de gaiolas e nem bois de voar, mas como vivemos realidades paralelas, tudo o que fizeres de mal aos animais, fá-lo de maneira virtual! Os pássaros querem-se pelos céus e os bois no verde pasto! E se os vires a tentar parapente, dá-lhes uma bicla, sempre é mais seguro! E o que se torna contraproducente e inseguro é teres muitas certezas! Fica-te pelas muitas possibilidades e não andes à cata de inverosímeis, porque se andas, digo-te já que é o que vais encontrar! Baril, baril é te rires de tudo e não te levares a sério, como dizia e muito bem uma das minhas heroínas favoritas, a Agustina Bessa Luís, autora de Terras em Risco! Vou-me tratar de ver as florzinhas ou acabo por escrever uma adenda em sua homenagem aos Monumentos Desaparecidos em risco de serem vendidos ao desbarato! Isso é que não! Fui-me, mas hei-de me vir outra vez! Bom domingo no mundo! E cuidado, eles "andem aí"! (os neo-fascistas)


NB: adenda à meia dúzia: baril, baril, são as notas de cinco mil; porreiro, porreiro são as pessoas quando te dão o traseiro, varal, varal, eram as vossas bocas medonhas num fio dental!

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