Matza Di Lourde
4.44
Despertar é violento com
Sombras de fantasmas vivos
nas paredes do meu quarto
subindo e acompanhando
o sobrolho dos meus olhos
e o apagar desistente
das minhas expectativas
dos meus cílios cambiantes
dos meus delírios ruminantes
no escuro da minha noite
tu imperas sempre e ainda.
Qual a probabilidade de
acordar duas vezes no mesmo
mascar desgastado de açoite
tu que não vens, mas aqui estavas
junto a estas sincronicidades
e eu rompi num choro de criança
o édredon ajudou a cobrir
a minha tristeza etérea
este sacudir de infância
desistência e concordância
e auxiliou-me, de novo
a esconder-me no sono
Eram 11.11 quando,
estremunhada
e maldisposta,
vi na luz do telemóvel
mais um horário de espelho
tu, no meu rosto já seco e
de fantasma acordada,
golpeavas-me de realidade
com a tua ausência
a que uns chamavam obsessão
e eu eterna saudade
lá me ergui para alimentar
a fome dos animais
e as pendências contínuas
do meu arrastar de tempo
um dia, prometo,
não me erguerei mais
e prolongarei a tua abstinência
num sonho de eternidade.
Comentários