O DESPERTAR INTERIOR

 



A perceção da verdade começa como um fósforo aceso numa noite de vento.

O aprendiz acende, determinado, mas o fósforo se apaga. O aprendiz acende outro fósforo e o vento o apaga. O aluno continua até que a caixa de fósforos termine. Naquele momento, por uma aparente coincidência, uma pequena luminária, um lustre, surge do nada ao alcance do aprendiz.

A luz começa a iluminar coisas desagradáveis. “Devo desligar a luz?”, pergunta o aluno. No entanto, ele persevera. A luz se torna mais forte e ilumina coisas mais belas e superiores, e coisas mais feias e inferiores.

O aprendiz desconfia que está rodeado de cegos. Ele é tentado a fingir que é cego, a permanecer acorrentado a ilusões consensuais. Ele tem medo de ficar sozinho se seguir a verdade. Mas a sua capacidade de aderir sinceramente a ilusões consensuais torna-se cada vez menor. Aí ele encontra outras pessoas que estão na mesma situação e surge o processo de ajuda mútua. A luz de um se soma à de outro.

O despertar torna-se mais profundo, não sem desafios. O educando percebe que o segredo é manter o foco central da consciência no que é correto, percebendo secundariamente – mas com rigor – o que não é correto.

Num determinado momento, ele percebe que a lâmpada está sem combustível. Depois olhe para o leste e, sob o brilho de Vênus, veja a luz ilimitada de um novo dia chegando.

(Carlos Cardoso Aveline)

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O texto anterior é intitulado “Una Cerilla Anticipa el Nuevo Día” e pode ser lido aqui: https://www.carloscardosoaveline.com/una-cerilla-anticipa-el-nuevo-dia/

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