Excertos de Nietzsche

 





"A primeira condição para o buddhismo é um clima muito doce, uma grande mansidão e liberdade nos costumes, nada de militarismo; e que o movimento tenha o seu foco nas castas superiores e até nas castas sábias. Deseja-se como fim supremo a serenidade, o silêncio, a ausência de desejos e consegue-se o seu fim. O buddhismo não é uma religião em que unicamente se aspira à perfeição: a perfeição é o caso normal.

No christianismo, os instintos dos submissos e dos opprimidos collocam-se em primeiro termo; as castas mais baixas são as que n'elle procuram a sua salvação. N'este se exerce como occupação como remédio contra o aborrecimento, a casuística do peccado, a crítica de si, a inquisição da consiência; n'elle se mantém incessantemente (pela oração) o affecto para com um poderoso, chamado "Deus"; n'elle o mais elevado se considera como inacessível, como "graça". Falta também a publicidade; o esconderijo, o logar obscuro são christãos. N'elle se despresa o corpo, a hygiene é repelida como sensualidade; a Egreja guarda-se até de limpeza (a primeira medida depois da expulsão dos árabes, foi o encerramento dos banhos públicos dos quaes só Cordova possuía 270); christão é certo instincto de crueldade contra si mesmo e contra os outros; o ódio aos que pensam d'outra maneira ; a vontade de perseguir. Idéas sombrias e emocionantes occupam o primeiro logar; os estados de alma mais rebuscados, os que se designam com os nomes mais elevados são epileptóides; a dieta está organizada de modo a favorecer os phenomenos morbosos  e a sobreexcitar  os nervos.

Christãoé o ódio de morte contra os senhores da terra, contra os "nobres" e ao mesmo tempouma competencia occulta e secreta (deixa-se-lhes o "corpo", só se quer a alma...) Christão é o ódio contra o espírito, o orgulho, o valor, a liberdade, a libertinagem, do espírito; christão é o ódio contra os sentidos, contra a alegria dos sentidos, contra a alegria em geral... "


in Anti-Christo de Frederico Nietzsche

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