Entre as duas e as três
Aqui, ali e acolá
Entre as duas e as três
horas da madrugada
eis que me acordo em mim
num pesadelo
em que estás, que
não posso alcançar.
E adormeço na dor
dessa sorte malvada
e tento, pelo menos
me apegar à tua face
que por não estar
encostada na minha,
me molhou a almofada,
e choro então nos teus olhos
fechados, encerrados
de ontem em ontem
e trespassados
pelo véu da ilusão
grito aflito insone
ainda estás todo inteiro
em mim
ainda não esqueci
o teu nome
e entre as duas e as três
na hora do alprazolam
eis que me chegam
eros de ti
numa perdida praia
onde a maré encheu
de sal o teu corpo
que se espumava
em mim num amanhã
que não veio
que se ficou pelo meio
de um sonho
sonhado só deste lado
chamaste-me?
creio enlouquecer
e, entro o sizo
pareceu-me ouvir-te a voz
eram já duas ou três,
as vezes em que te ouvi
sem que me chamasses
que te vi sem que me visses
que te deixei no mesmo sítio
nesse mesmo lugar
e me esqueci de voltar
à vida que não quero sem
o teu sorriso.
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