Stormy Weather, nothin' else

 



O tempo não perdoa, depois de construído, vai lá acrescentá-lo! São 24 horas, nem mais e, pra que servem? Desde a escovadela dos dentes e do banho vicioso, os primeiros prazeres, ao pequeno-almoço de café e nicotina, desde a organização da bolsa, as chaves, os lenços, os óculos, o porta-moedas e o tabaco - olh'ó isqueiro  na mesa do computador - um fechar de portas e janelas, um desligar máquina de café e carregadores, abrir portões e inversão de marcha, desde a porra da fila pra chegar á rotunda, embarrilados - murcões, sinhôras ao volante, vai pra casa fazer croché, oh tio!, sai-me da frente que a estrada é filha da democracia, desde o relembrar que esquecemos de ir à arca tirar a carne pra estufar até ao esquecimento de pôr o gato cá fora, voltar atrás e partir o salto da bota no pavimento até o vizinho que pensa que temos a vida dele de passear de bicla e espreitar os talhões de cultivo do cebolo, desde os cães que não deixaram ninguém dormir aos bruxedos que o ceticismo não nos permite aceitar, desde telefonar ao amigo pra o lembrar do nosso livro até passar na tipografia recusando o iva que inventam pra nos atormentar, desde o segundo café mal amanhado em pé, até ao hiper buscar meia dúzia de sumos naturais e pão, que o tempo não perdoa, desde as comemorações dos aniversários dos amigos até ao lamento da partida de outros - nem batizados quanto mais funerais, desde assentir aos filhos a mais uma dose dupla de McChicken's ao cabeleireiro abarrotado - todos se lembram de ir ao mesmo sítio, todos nos leem pensamentos e não, não é só as nuances no cabelo, são as nuances da vida, o buço, a sobrancelha, não quero revistas nem magazines que falam da vida dos outros, a não ser o mundo das viagens, pois, essa deixa-me sonhar enquanto me estica a repa ou puxa o bigodi, mas olhe as horas, que tenho de sair daqui antes das 11h - até ao momento em que sentamos pra pensar na porra do dia - eis que vem enxaqueca, enfia 2 migraleves e nem respires mais o resto do dia, desde as despesas que chegaram e vês a conta ir a zero - a zero não, deposita-me lá meia dúzia de aerios ou vou subir paredes, ao cancelamento dos ppr's - nem sabes se chegas aos 60-  que os gajos do bes são uns chulos, afinal, afinal, andamos a fazer coisas por vermos os outros fazer?, afinal, que contas fazemos à vida que não sobre um momento pra espreguiçar e aproveitar o nada fazer ou ir tomar um copo ao bar onde temos amigos, afinal, porque estamos nós encafuados entre paredes, todo o santo dia obrigados ao mostrador do relógio, afinal, porque não ir ver um filme europeu ou as 3 marias ou ao teatro? Porque não?


E o tempo rege-te até no cronometrar dos segundos! O tempo e o dinheiro. Quem precisa de ditadores maiores?  Andando um pouco pela web, acabamos por dar conta que os males são comuns, que não têm prazo de validade e se esticam mais do que precisamos, que a virtude está em saber aproveitar as oportunidades criadas entre o pensamento e a pausa. Quero lá saber do estufado, do buço, dos produtos bancários do futuro, dos testes menos positivos dos filhos, do desempenho dos que não se empenham. Quero lá saber que o mundo desabe depois. Hoje não quero migraleves nem relógios nem filas de trânsito. O único tempo que me importa é o da chuva aqui e agora...

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