Lídia Pastor

  



Cemitério de vivos



Amei-os como se fossem uma urgência em mim,
neles, deles, como o mundo se oferece,
inteiro, sem "ses", desígnios em jeito de viver
desta ou daquela outra maneira, amando intensa mente.

E amei-os tanto que em tanto amor não me
puderam compreender, corresponder. Acompanhar.
Amei-o/s, cobrindo-os, dando-lhes colo,
mas deixando sempre entre eles e eu entre eu e eles
a nossa vida de cada um, um sopro existencial
e a minha respiração. eu permitia-me ser
e esperava-os sendo, eles eram e foram e continuam sendo,
mas desejando que eu não fosse também eu,
Assim.

Amei-os, desejei-os, sobrevalorizando o que foram,
como vinham, a existência dos seus egos,
se eram saudáveis ou vinham fraturados
de outros amores e outras feridas
Amei-os como se, incondicionalmente,
os sentisse meus filhos, meus irmãos, ou continuações de mim
pois eu era a continuação deles. Amei-os, mas já não os amo,
não dessa maneira intensa e devastadora, apaixonada e aflitiva.
amei-os, ponto.

Resto-me hoje, ainda eu, inteira e apaixonada
por momentos e conversas e pessoas que circulam,
virtual e fisicamente, pelos meus fantasmas
animais e mortos, vivos e desconhecidos,
que me engendram mundos
que desconheço e me ouso imaginar.
Sendo.

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