Uma oitava acima

 




A tarde cai

depois de parar os afazeres,

terminados, o frio rasga lá fora,

cá dentro, 

os anéis de fumo denso

aqui

e ali

aqui e agora

seguram bolhas

de ar

pensamentos soltos, 

véus de laranjeira,

os sonhos

encadeados

neste irónico previsto

de te pensar

são bolhas de fé

numa terra

com ela ainda

na sua

terra de mel

e o meu coração

improvisa esse previsto

sonho

inalcançável, dizem,

querem, creem, e, nada disso!

A tarde cai e eu não os creio,

não os acredito, não vos acredito

porque

as bolhas de fé seguram-se 

enquanto a tarde cai

e o meu coração voa

longe de ti

imprevisto?

eu sei quem és pra mim, ela sussurra

e todos cantamos na voz dela,

e depois cada momento é pior, 

eu sei quem és pra mim!

ironia esta

tu

sem que eu

possa mais 

controlar

o caudal

nem quero

só quero

só continuo a crer, querer e essa 

liberdade é, ainda, ainda, ainda minha.

O sonho não morre. O Caetano,

E chegou a Márcia,

no silêncio da tua fala

nas terras de mel da Eugénia,

do teu poema, a minha saudade és tu, 

da nossa fala. e o JP remata 

na pele que há em ti

aí estou, sou daí

dessa montanha 

e o JP impede-me

de te continuar a falar das bolhas

das bolas de fumo

que te levam

o frio que aqui se vive

sem ti

em breve, será noite,

onde todos anoitecem

e eu acordo-te

do outro lado

e da distância de mim a ti,

tu não sabes nada.






Quando o dia entardeceu
E o teu corpo tocou
Num recanto do meu
Uma dança acordou
E o sol apareceu
De gigante ficou
Num instante apagou
O sereno do céu
E a calma a aguardar lugar em mim
O desejo a contar segundo o fim
Foi num ar que te deu
E o teu canto mudou
E o teu corpo no meu
Uma trança arrancou
E o sangue arrefeceu
E o meu pé aterrou
Minha voz sussurrou
O meu sonho morreu
Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada
Dá-me o quarto vazio da minha casa
Vou deixar-te no fio da tua fala
Sobre a pele que há em mim
Tu não sabes nada
Quando o amor se acabou
E o meu corpo esqueceu
O caminho onde andou
Nos recantos do teu
E o luar se apagou
E a noite emudeceu
O frio fundo do céu
Foi descendo e ficou
Mas a mágoa não mora mais em mim
Já passou, desgastei
Pra lá do fim
É preciso partir
É o preço do amor
Pra voltar a viver
Já nem sinto o sabor
A suor e pavor
Do teu colo a ferver
Do teu sangue de flor
Já não quero saber
Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada
O meu barco vazio na madrugada
Vou deixar-te no frio da tua fala
Na vertigem da voz
Quando enfim se cala


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