HP BLAVATSKY: WIRACOCHA USA O SOL COMO COROA

 


Wiracocha é uma das principais divindades andinas. O antigo mito diz que, no início de tudo, Wiracocha emergiu do fundo do Lago Titicaca, símbolo das águas primordiais do cosmos. E Wiracocha fez o sol, a lua e as estrelas. Ele então criou o povo andino dando vida ao interior de estátuas de pedra.

 

A imagem simbólica das estátuas de pedra refere-se às formas sutis primordiais – ou modelos – dos seres humanos depositados na luz astral dos manvantaras anteriores, ou seja, dos períodos anteriores de manifestação da vida no cosmos. A dureza das pedras simboliza a longa durabilidade dessas imagens arquetípicas. Wiracocha não criou o homem do nada por uma razão bastante simples: a natureza é eterna e nela nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Tudo é constantemente reciclado, como afirma a lei de Lavoisier, e também o livro bíblico de Eclesiastes (capítulo 1), e a filosofia esotérica clássica de HP Blavatsky.

 

É famosa a imagem de Wiracocha, gravada na Puerta del Sol, nas ruínas da cultura Tiahuanaco, às margens do Lago Titicaca. Ele usa o sol como coroa, ou seja, o sol é seu veículo físico e externo, como explica a Sra. Blavatsky. Wiracocha carrega – como armas – raios nas mãos e chora, derramando lágrimas cujo simbolismo é duplo: expressam tanto a compaixão, no nível moral e espiritual, quanto as chuvas que purificam e renovam a vida física. Um dos muitos deuses hindus, Brahma, também chora. Seu grito é de arrependimento e expressa autopurificação. [1]

 

Wiracocha combina, portanto, a severidade do relâmpago com a compaixão universal da chuva fertilizante.

 

A figura personalizada de Wiracocha simboliza não só a lei do carma, mas também o conjunto de inteligências divinas que orientam a evolução da vida planetária. Passada uma determinada etapa após a “criação”, Wiracocha permanece “insatisfeito” com os seres humanos. No momento certo do ciclo evolutivo, Wiracocha varre o mundo com uma inundação, eliminando a raça de gigantes que habitava a vasta Atlântida. A seguir, Wiracocha faz outros homens melhores, também de pedra, como da primeira vez, ou seja, das imagens primordiais da luz astral.

 

(Carlos Cardoso Aveline)

 

OBSERVAÇÃO:

 

[1] Sobre o choro de Brahma, ver “Ísis Sem Véu”, obra citada, volume I, p. 265. Na edição brasileira, “Ísis Sem Véu”, obra citada, volume I, p. 317.

 

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Fragmento do artigo “ La Teosofía de los Andes ”, que pode ser lido aqui: https://www.filosofiaesoterica.com/la-teosofia-de-los-andes/ .

 


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