Matza Di Lourde
Shangri La
E se no secreto desalinho
dos interstícios
do grande deus ermitão
lhe confessasses dos teus vícios
dos teus temores e ofícios
onde ainda permanecem
quebrantos os resquícios
deste saravá dos tempos
no nosso almejado shangri lá
em que os mais providos
nas artes de tempero, cozinham
com mezinhas de oxalá
o que não queres que te chegue,
o que esperas que não vergue
com essa outra cortesã?
E se lhe confessasses baixinho
que ocultas felizes auspícios
de que o futuro te corra
e de que ninguém morra,
que te alcancem os benefícios
dos teus planos de amanhã,
que foram empurrados pelo vento
que se colaram na derme do tempo
da que escolheste como vilã,
para entristecer de artifícios
o caldeirão do teu futuro
na vida que se pendura
com assombro, no talismã
no teu ombro, no peito
do que virá e nos dejá vus alheios
sem escrutínio de meios?
e se me cantasses um hino
cheio de glória, apoteose e solfejo
que nos resgatasse uma dose
de esperança e destino
e nos elevasse, por osmose
ao secreto jardim de rosas
onde me picaste de espinhos,
e me despisses a glosa
do meu vestido
deste ansiado desatino
com o teu abraço e, formosa
me devolvesses, paulatina
ao destino que a fonte guardou
nestes dois dedos de prosa,
entre o calor e o desejo
a certeza impetuosa
do meu amor cozinhado
e servido na tua mesa
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