O meu Vénus ficará cazimi de 31 a 3 de Junho, e eu com isso?
E francamente, tudo isso deixou de ser interessante, significativo.
A astrologia ficou, como de resto, todo o resto, no dia de hoje. Amanhã não carrego nada disto.
A vida passou a brilhar de uma outra forma, num outro ângulo, dir-se ia cego, um ângulo cego, no arco do cego.
A noite passada esperei o meu filho e a sua companheira que vieram do festival onde Alexandro Saenz atuou. Eram quatro quando me deitei. Eram oito, estava a pé. Ia começar a tomar o meu pequeno-almoço, mas tive que o adiar. A Eva que aniversaria hoje os oitenta. Ela, que sempre acorda tarde, hoje acordou cedo. E primeiro estão todos os outros. Eu sou a última. Depois de fazer o pequeno-almoço dela, pediu-me que tratasse dela, das suas unhas, do seu cabelo, da sua roupa, do seu banho, do seu creme de corpo, das suas roupas, estas não as outras, estas sandálias, não, antes os tenis, esses azuis não, antes os rosa, esse gancho não, antes a flor, esses brincos não, estes e estes anéis e estes colares, ah e o perfume, ah pinta-me os olhos, e os lábios, e diz-me se devo levar a bengala. O Tomás disse-me, enquanto fui estacionar que ela estava com o tau. Não dei conta. Quem devia estar com o tau era eu, não tomei o pequeno-almoço, não dormi, tratei de todos menos de mim, arrastei-me para um café que durou dois minutos, dois minutos de prazer corrido não é prazer, é um prazer interrompido pela pressão dos outros, pelo stress dos outros, pela bengala dos outros. Então e eu, carago? E eu?
Hoje eu tomei uma decisão. Não me empurro mais para amanhã- Hoje não me adio. Hoje existo eu, em primeiro lugar, eu, sim EU, carago!
No fim de semana, vou inscrever-me numa escola de dança. E vou buscar alternativas para mudar o futuro. O passado morreu. Amen.
E bebo um copo, dois ou três, ninguém tem nada com isso! Carpe Diem.
E este tango é uma espécie de despedida da otária que eu fui até duas horas atrás. Finito. Capute!
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