A EXPERIÊNCIA DO SAGRADO

 

A busca pela sabedoria é uma coisa, e a busca pelo sagrado é outra.

A sabedoria está implícita na perceção do sagrado; e a perceção do sagrado está implícita na sabedoria. Ainda assim, são duas coisas diferentes. 

É mais fácil falar sobre sabedoria.

Se vivenciarmos diretamente o divino, podemos sentir que dizer algo sobre ele – mesmo que o digamos para nós mesmos e em pensamento – seria uma forma de perder a sintonia com a energia do sagrado e distorcê-la.

É assim que os verdadeiros segredos são guardados. Pertencem aos seus próprios níveis de consciência e não podem ser transportados ou traduzidos para dimensões mais grosseiras. Seria o mesmo que tentar fritar neve ou manter o ar fresco em uma pequena sala com portas e janelas fechadas. Há uma diferença entre observar diretamente o nascer do sol e olhar uma foto do sol tirada enquanto ele nascia no horizonte.

Além disso, a experiência direta do mundo sagrado é uma coisa, e a maneira como ela chega ao buscador é outra. Na escada entre o céu e a terra, algumas energias sobem, outras descem.

Quando a experiência do sagrado chega a alguém, ele responde ao bom carma da busca realizada e utiliza a energia criada pelo esforço na direção do mais elevado, mas a utiliza de forma inesperada e transcendente.

 

(Carlos Cardoso Aveline)