Nick Cave, PJ. Harvey & Alma Novaes

 




Apogeu osmótico


Perco-me em preâmbulos

na plutónica cogitação

ergo-me, fecho-me ao mundo

derivo da poderosa inflexão,

na noite do mundo onírico

onde o teu corpo desnudo

se acerca e me mede o pulso

com marte em combustão

e perco tudo o que nunca quis

e encontro-me inteira

no fundo do mundo onde

sempre estive, no teu sexo,

vertex em profundo mergulho,

tu és a minha casa

tu, não obstante a teimosia

o tempo e o desvão de segundos,

és a frequência e o ritmo

da minha gaza,

aprimoro a paciência

e nivelo a kundalini,

tu és o que quero deste mundo

eu sou nada do que outros vêm.

a não ser, talvez e só desta vez,

 a memória perpetuada

no teu corpo, uma asa alada,

uma fibra frágil

um estertor, um planeta,

meu amor, vénus, do outro 

lado do sol,

um continente, uma ilha,

o teu cobertor, 

um véu que dissipa e distingue

o teu corpo do meu

somos um no apogeu desta

lua nova em escorpião,

na lua cheia de touro

na vastidão universal

E mercúrio direto em mim

mercúrio retrógrado em ti

culminam na apoteose

Viemos unir o amor eterno

e afastá-lo de todo o mal. 

Nós somos osmose. 

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