Cartoon marcelista

  



Novela tricotada para distrair a nação

O senhor Marcelo num quadrado do Quino, sem Mafaldinha, sozinho, e nessa imagem quadrada, saindo da linha da democracia, junto do personagem, eis um balão de conversa que, ao invés de conversar com o externo, se converte em monólogo, próprio de pensamento, com três balõezinhos menores, próprios de um papagaio de ar ou vento. Um homem tão culto pode assim falar-barato e ficar caro à nação.

Dentro do seu cérebro pode ver-se, não a massa cinzenta que pediu exílio no fígado, não as sinapses que pediram uns dias prolongados antes do feriado, por já saberem o que o personagem ia discutir - a descolonização, e as culpas do universo português -  o que se vê na imagem é a figura cartoonizada e em miniatura do próprio Marcelo, com um Marcelinho júnior dentro do cérebro, vamos dizer, um Marcelinho que constrói, à semelhança de Trump, uma parede entre os dois hemisférios cerebrais, o Marcelinho de língua de fora, vai cuspindo nos tijolos aprumados para a parede, onde se ocultam as gémeas e do outro lado, no hemisfério esquerdo uma parangona enorme e disforme promete martelos, bombas chaimite e o diabo a quatro contra os colonizadores e ex-colonizadores da nação e nações afim, diligências e aparências para ocultar o caso gémeo reincidente, onde se vê um pesado dossier, ainda dos seus tempos de professor, que possa comprometer todas as classes e distrair todos os miúdos e graúdos, com pesados castigos e severos ultimatuns aos maléficos dos descobrimentos, pra que se não volte a falar do caso do hemisfério direito, do filho, do estreito quarto de cunhas onde a retrete não conversou com o autoclismo e a merda ficou exposta, a ferida, o medicamento, o plebiscito e aposto que neste momento, dentro do cartoon se prepara mais qualquer coisa pelo diabo, ao calha, que faça barulho, comprometa e cale a nação acerca dos seus atos menos democráticos. Coitadinhas das gémeas, coitadinhos dos poderosos, coitadinhos dos cartoonistas, raios me partam se, o afilhado do outro Marcelo, não está a pedir a deus e ao diabo que reine a monarquia, pra que venha o apocalipse, pra que todos morram e que o deixem em paz, do oriente ao rural, do continente às ilhas, do carnaval ao natal, o que era mesmo bom é que a novela fosse uma coisa séria e não algo para distrair a malta, num pós 25 de abril. E suja-se um homem por dá cá aquela palha, num país laico-católico, ainda vai falar ao papa pra punir a grande lata de se condenar um homem por ajudar estrangeiros, ainda por cima crianças. E eu ia jurar que já vi um cartoon passar por mim, onde se via a figura delgada do Marcelo e da sua língua em volta dele, com uma parangona espanhola onde se podia ler: porque no te callas?

Procurei e não encontrei.  

Sejamos sérios, acabe-se a palhaçada, que isto não contribui em nada para terminar mais um mandato. Deduzo daqui um celibato para a presidência portuguesa. Antes isso que isto, senhor presidente.

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