Lídia Pastor
Ainda ele era físico, vivo, motivo
de alegria e expansão e me ensinou
a bailar nas biqueiras dos sapatos de gigante
o meu pai era o herói que me preenchia
as horas e os dias, o meu golias,
don quixote, eu infanta e ele sacerdote,
e eu ria e dançava e nada me molestava
nada me preocupava, não havia
nem sombras, nem monstros invencíveis,
nem desgostos, nem pecados puníveis
uma espécie de fred astaire, e eu
era quem eu quisesse,
dizia-me ele: filha, sê sempre destemida,
baila e canta com a vida
e que nunca te intimidem, tu és uma valente
e gravado na mente ficou, é isso que eu sou,
ele partiu e eu fiquei, mas não sei negar,
foi o meu rei de uma monarquia vencida
que me ensinou a ser gente.
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