A saída da matrix
Tenho estado com eles madrugada adentro. As auréolas são nebulosas de azul e vermelho. Seguem-me no escuro e ouço-os. Eles sabem. Não tenho receio. Não fujo. Não acendo a luz. Ao contrário, envio-lhes gratidão. Nem sempre vêm mas têm vindo. Talvez porque ande mais inquieta, talvez porque me sintam cansada ou doente. Exausta. O sono vem mas logo acordo e sinto que perco tempo em dormir. O Kardec continua nos meus pensamentos. A tia Carmen deixou de sofrer fisicamente. As dores que a levaram à prostração. As limitações não existem. Já voa entre patamares e visita os amigos. O meu pai é um caso fora da caixa. A ele já o vi. Disseram-me que esse privilégio era concedido a poucos. E como é lindo, mais do que eu me lembrava. Não tinha o bigode e nem as têmporas franzidas. Tinha uma luz celestial que lhe recortava os contornos. Já habita um outro mundo, onde o amor nunca é ofuscado pela vaidade ou pela ignorância que, a bem dizer, são a mesma coisa. O amor corrige a raça. E os mundos são tantos. Não há expiação nele. O avô Rodrigo esteve comigo em sonhos. Mantinha a "sua vestimenta" igual e me falou de segredos e coisas ocultas que se prendem com sentimentos ruins, de inveja, de luxuria, de egos inflados, dentro da família. A Cláudia continua a sobrevoar-me amiúde, vem de dia e de noite, quando lhe apetece e mantém intacta a pureza do coração. E outros me visitam. As entidades a que os homens chamam de anjos e querubins. O meu pai destaca-se. E agora sei que, também eu herdei deles o amor incondicional. E a reunião que tive com 13 anos na Luz não foi mais do que a 2ª oportunidade de partir para níveis superiores. Para ser confortada e poder realizar que a morte, enquanto a vemos aqui na terra, não passa de um eufemismo. Nada termina. Tudo continua sem corpo. E essa superioridade dos níveis acima do terrenal nada tem que ver com ser mais ou menos dentro da mortalidade. Tem a ver com o nível de dedicação que entregamos ao conhecimento dos outros e de nós, com a sabedoria que trazemos de outras encarnações e com o controle de paixões, sejam elas viciosas ou virtuosas. Tem que ver com entendermos que estamos numa jornada individual, mas que, em entendimento de propósito, o coletivo é primordial. Assim, descobri que não estou aqui por expiação, mas por missão. E que todos os seres que me tentaram vendar os olhos o conseguiram, até certa medida. O que seria para me levar, o enfarte de miocárdio foi, afinal, para me despertar. E a torre que vem agora será para abalar todas as estruturas. Sobretudo, os familiares, os seres humanos com quem privei de perto, e repor a ordem nessa estrutura. Dizer eu sou e eu vim fazer isto. Defender posições e praticar propósitos de alma. Os meus.
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