O karma não prescreve

 






O indivíduo nos grupos perde-se. Se/quando alguns dos valores se assemelham. Pode, eventualmente, sentir-se entorpecido, desmotivado quando entra no grupo e se sente diferente dos demais. Porém, no continuar da situação, o sujeito tende à "normalização" da realidade do grupo, dos demais, espreitando minuciosamente comportamentos e palavras-chave que aumentem a coesão. Todos os grupos têm líderes. E deles, dos líderes, o grupo encontra a congruência para acoplar diferenças e seguir em frente, nos seus propósitos grupais. 

Seja em grupo, seja individualmente, o que é importar de notar, é que o que semeamos, dentro e fora dos grupos, acumula e cresce, quer nas intenções, quer nos factos que advêm dos comportamentos adotados. As atitudes revelam e leem os contextos. Não escapamos ao que produzimos. Seremos coletores de tudo o que pensamos, produzimos e edificamos, nas realidades alheias, mas sobretudo na nossa. E se Thorndike se referia aos comportamentos como alavanca para as consequências esperadas, o reforço que depois veio a ser dividido em reforço positivo (recompensa) ou negativo (como punição), e que veio a ser usado nos laboratórios com a ajuda de cobaias animais (experiências de Pavlov) vem hoje confirmar-nos que, em matéria de aprendizagem humana, o sujeito, no geral, adequa-se e rodeia-se de pares semelhantes e nunca apre(e)nde, regra geral, verdadeiramente, o caminho, deturpando o objetivo positivo que lhe está inerente. 

O homem inconsequente não vê para além da realidade do agora e, quando muito, vive na projeção de um futuro onde a lei do retorno só coexiste para si, no sentido positivo, o da compensação. A classe política e dos grandes grupos económicos é bem exemplo disso. Dir-se ia que nasce uma outra mente, a grande mente do grupo que se escusa a pensar fora do grupo, ou, noutras palavras que todas conhecemos, fora da caixa, ficando reféns do que a grande mente produz. O crime compensa. A mentira progride. A ilusão ainda gera resultados esperados. A grande ilusão da mente nascida do grupo (a união faz a força) é a de que a equipa é imune a eventos infelizes, a equipa produz protecionismo, colaboração, impermeabilidade, coesão e secretismo. E isenção de consequências nefastas. De Thorndike a Lavoisier, de Pavlov a Bandura, a humanidade, no seu computo geral, vive na grande ilusão da produção de recompensas, esquecendo que a punição não é exterior à própria lei. A inteligência da grande mente se deprime perante resultados negativos. Logo, para o grupo, essas punições não fazem parte da equação. Darwin estava certo, o mais adaptável às circunstâncias, o mais criativo nas soluções, o mais "camaleão" nos habitats do inimigo vence. É, pois, uma inverdade. Cronos sempre chega com a fatura que ministro de economia nenhum pode resolver. O crime, a mentira, as fraudes têm o destino improvável às leis internas do sujeito e do grupo. As consequências são trazidas pelas mãos de Saturno na veia. 


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