Alma Novaes & Walkabouts
blues à geringonça
Vem a noite escura 
que entra devagar,
mais uma e esta dará que falar,
ou resistência para driblar, 
tudo inerte, um desconcerto, 
de política e vento
nem um verso se escuta, 
somente o velho carvalho 
num lamento sepulcral
vshh vshh
O gotejar do radiador, 
e o despertador tic tac
 irrita sem pausar
retirando protagonismo 
ao jornalista sedento
sobre o triste episódio 
de um aparente fim,
exangue,
do ódio, clorofórmio,
reunião extraordinária, 
 e os profetas das eleições, 
distribuem prozac,
nos efeitos colaterais
neoliberalistas irrompem
num grande estrondo, zás
de obscura e densa origem
arrepio de poder vertigem
descambadas orações e 
previstos sermões das alas 
circundantes, 
que o expectável
não se faça demorar
(cai o pano)
Parangonas dos media 
em néon, flash light
Que vos entalam o país
no jantar, 
o ministro não fala à nação 
a coberto da tempestade,
vão, vão, jantem e durmam
amanhã eles rugem
como a fuligem da salamandra
n'o fogo de outra data,
Lacedimon e Esparta 
rejeitam negociações
encerrada geringonça,
de estabilidade a vontade
ganha a velha ambição
ruge a velha onça
(ato de contrição)
que as achas reacendam
no sopro do mau tempo,
o fogo do Halloween
imune, verta-se o blues
do homem do Reno,
e empreste nostalgia à verdade
Eu obedeço à simples 
sugestão de repouso,
no vinho doce, o alento 
recosto-me em tom 
grave e regurgito
enquanto o fumo embriaga o ar
e eu aguardo notícias,
a tempestade grita à 
santíssima Trindade
que a Justiça será servida
em Novembro, a partir
da entrada de Saturno direto
Vomitem depois o efeito
das vossas ações
que em dezembro se guarde 
um dia santo
para as vossas diarreicas
ebulições
que eu vou à música
ao parrampo e à poesia
na nona sinfonia
depois dos Walkabouts 
emprestarem,
se prestarem para
o que agora descrevo, 
o homem do reno
vai me embalar!

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