O quantum elevado à potência divina

 




A espécie humana, dizem, está para extinguir-se. Possui todos os elementos essenciais, ferramentas adicionais para o fazer "em grande". Como se destruição fosse o complemento direto e suplementar de erradicar, completar algo divinamente guiado para acontecer. Mas Deus não está perplexo, nem preocupado com os desígnios da espécie, até porque nos entregou a todos, um por um, as chaves de desenvolvimento da experiência que viemos praticar por ele. Essa experiência compete a cada qual desempenhar, com mais ou menos mestria. Nunca houve só bons alunos. Sempre conheci a malta repetente que, de uma certa forma, carecia de motivação ou ambição, dependendo dos casos, para lograr o êxito de se catapultar no mais do mesmo ou na virtude de alcançar novos níveis, dentro dos quais nunca se iria satisfazer. E sempre houve os outros. Há sempre os outros. Às vezes, nós fazemos parte desses outros dentro de uma massa disforme que se revela contra o status quo, contra as leis vigentes, contra determinados valores, ou por outra, contra a inversão de valores. E muito embora o jogo se chame vida, muitos o extrapolam para a "minha" vida, como se ela fosse a apoteose divina, o corolário das exaltações, a diferença impactante, entre os demais. E as massas, qual rebanhos, sempre rumaram em debandada para onde as empurravam os mais "fortes", dentro do jogo. Vigoram, portanto, os princípios ou a falta deles. Não foi sempre assim? Por isso, a humanidade aprendeu a prece, a oração, a meditação, o ajoelhar humilde no chão, dispostos por anos, por décadas e séculos, apreciando os iluminados que, ao invés de chamarem o poder a si, o distribuíam, cientes da responsabilidade das suas missões, passar a informação de que a prece carece de vontade, de aprimoramento, de discernimento e cooperação. Que qualquer indivíduo só, não operará os milagres que a humanidade necessita. E que somos todos centelhas, co-criadores, e que o compromisso de levar o testemunho da execução da consciência associado à virtude da experiência, transmutada em sabedoria, poderia servir de luz na vasta escuridão que sempre houve, ao longo da nossa existência. Os preconceitos e tabus, as crenças e a religião, os jogos de poder e usurpação sempre estiveram presentes e contemplados por Deus. Não é ele o árbitro do jogo? Falo da arbitragem omnipresente, omnisciente, omnipotente que são os vocábulos que, pesados na balança quântica, a fonte, D'Ele, significam livre-arbítrio. 

Do livre-arbítrio, várias teses se desenvolvem, bem de acordo com as preferências dos seus usuários. Essa decisão tomba para o lado em que o "eu mesmo" se encontra. Servir-me á para escolher caminhos, optar por experiências, encontrar luz nos percursos e, embora acredite no destino, nas escolhas feitas noutro plano, que, em último reduto, foram tomadas à luz do melhor para a evolução da alma, podemos sempre erradicar esse plano, ao qual muitos parecem não querer acesso, negando-o, como se não fosse ele que ditasse de onde vimos e para onde regressaremos. A tal da caminhada espiritual. Somos singulares e acumulando experiências de vidas passadas, experimentando no corpo que nos é dado e desenhado como veículo, ao que vimos desempenhar. E se a perfeição é reconhecida como algo divino, nascemos rodeados de organismos perfeitos que assimilam a seiva da vida, se reproduzem e se conduzem por vários círculos, muitos desconhecendo que prestarão contas nos livres-arbítrios abortados, nos atalhos facilitados que, cedo ou tarde, se traduzirão no que desejaríamos ter evitado, em remorsos e arrependimentos, que já não nos levam a lado nenhum, a não ser ao fundo, dentro das nossas inclinações sumárias, instintivas, reptilizadas, e eis que, nem mesmo assim, nos aproximamos do chimpanzé ou da foca, da serpente ou da raposa, sequer do abutre (recordo sempre o Dário da agência fúnebre) que foi desenhado para comer putrefação e se aproximar, mais um voo, mais um passo da progressão, na sua forma limitada, à sua função de predador na cadeia alimentar, da qual fazemos parte, por escolha nossa, bem menos enobrecidos que os restantes animais

Temos de experimentar o vazio, desprendermo-nos do aprendido socialmente e nos encontrarmos no original do self. Quem somos e o que viemos aprender? Mas falando em limites, somos edições limitadas. O que destilamos para a atmosfera, nos cairá no colo, num tempo diferente, que o tempo de Deus é muito próprio e profundamente avesso às nossas expectativas e desejos. Somos marionetas, dizem, quando reproduzimos a vida dos que nos ensinaram a comportar, a ser, a desejar, a manifestar. Mas que manifestamos nós, a avaliar pelo mundo caótico e cheio de hostilidades e falsas glórias? Quem nos mostrará os erros que acumulamos pela ignorância, comodismo e desprezo pelo planeta que nos acolhe, pelos humanos e animais que nos reconhecem e, em última estância, por quem deveremos dar satisfações dos nossos atos e pensamentos?

Teremos que responder por isso. Iremos fazê-lo. O oportunismo positivo é a infinita bondade da fonte. Mais uma oportunidade de regeneração, de fazer diferente, de querer melhor, mais para o todo, mais uma forma de descentralização do self e da competição desenfreada, menos armas, menos lutas, menos guerra, menos ambição. Alinhar propósitos, refletido neste individual, que é mais elevado, de salvar o coletivo do erro da involução da matrix. O vocábulo parece-vos apetecível, a par com as redes sociais, com o status ambicionado, com as ilusões distorcidas de felicidade e bem-estar, de conforto acima dos demais. Que somos todos reizinhos, que todos merecemos o nosso trono, assim em cima como em baixo, pagaremos pelo sofrimento provocado aos que nasceram desprovidos de oportunidades, mais, seremos penalizados pelo sofrimento provocado, seja ele consciente ou inconscientemente. A justiça divina é reposta. Muitos desacreditam dela, seja para continuarem a reproduzir a sua própria "justiça", no jogo apetecível e orgástico, seja porque não vêm a injustiça das suas vidas corrigida. Ela vem e chega montada num belo cavalo, no momento mais inesperado e quando chegar dirá: Cheque mate. 

Não há na terra, por muito abundante que seja, sujeito, criatura ou vegetal que possa julgar outro, seja igual ou diferente de si mesmo. Nem na igreja encontrareis homem capaz de avaliar a conduta humana, com total isenção. 

Para Deus, todo esse trabalho. Deus não é passível de subornos, de fraudes, de mentiras e nem alvo de especulações. No tempo certo, na linha correta, desmontará as mentiras e será encarado e julgado pelas muitas vicissitudes e máscaras que carrega, divulgará, sem que lhe seja pedido, as motivações que o levaram ao erro, à leviandade de maltratar outros seres, sejam humanos ou não. A correção faz-se com amor, mas produz efeitos noutros níveis. O crime é um atentado contra a manifestação saudável. A litigância e má-fé e a sua devida repreensão servirão de lição aos próximos. Somos manifestadores da nossa realidade e arcaremos as consequências das nossas manifestações na vida alheia. 

Juízes e padres, professores e polícias, arquitetos e doutores, serralheiros e pastores, cozinheiros e adamastores, todos serão julgados e todos perecerão de acordo com os atos tomados. Deus não tem filhos prediletos. Somos todos responsáveis pelos nossos atos. Todos menos as crianças e os animais. 

Afaste o seu pé do mal. Cultive o amor ao próximo, fabrique empatia, transmute agressividade e violência em compaixão. Faça o bem, sem olhar a quem. E nunca deixe de o fazer, sob qualquer pretexto. Feche a sua boca da mentira ensaiada. Desmonte a sua inveja para a mirar no espelho. Aproprie-se das suas sombras e não as projete nos outros, a quem não conhece. Lave-se e purifique-se de luz. Que é verdade e amor.  Que as trevas chegarão e o alcançarão, consoante os seus atos. Somos um coletivo divino, mas é individualmente que seremos julgados por Ele. A ceifa chegou e está para durar. Ceifará o que semeou.

Comentários

Mensagens populares