Alberta Vileu

 



Fénix


Não nos venham com referendos, 

citações dúbias, com opiniões 

e burlescas referências 

catalogar-nos, 

dispensam-se plebiscitos 

e julgamentos levianos, 

carrascos e pensamentos 

superficiais, 

de vós se eleva o destino 

das nossas palavras 

que levam nelas asas 

para reivindicar o céu, 

não nos confundam 

nas vossas dimensões densas, 

nas vossas medonhas imprensas 

circunstanciais, 

nas vossas línguas como prensas,

perversas,

cheias de lixo e de anais 

disto e daquilo, 

estórias que urdis

e comparais,

afastem os vossos dedos 

apontados que queremos voar, 

queremos ir mais além, mais acima, 

que ingénuos e pequeninos 

já fomos por tempo demais, 

abram alas para que sejamos 

o que viemos ser, 

não sereis mais obstáculo 

ao que viemos vencer, 

as nossas penas se foram 

nas vossas redes manhosas, 

os nossos sonhos mingaram 

pelas vossas bocas ruidosas, 

somos de além e vamos além, 

muito aquém do que quereis, 

somos ave que morreu, 

fénix que se prostrou 

e convalesceu, 

que hoje não aceita as prisões, 

não há mais vulnerabilidades 

em nós, nem apegos, 

nem segredos, nem mentiras 

e nem causalidades físicas 

das que lutais para ter, 

não viemos ser verbo de encher, 

viemos voar e crescer, 

viemos para 

nos reunirmos 

conclave a outras aves 

que vieram proteger 

os vossos filhos e pais, 

da devassa ligeireza

com que viveis no superficial,

não cabemos na vossa 

estreiteza mental

viemos ser um com os demais, 

desses que não se curvam 

à deslealdade, 

desses de aço na alma, 

que transportam a verdade, 

sem precisarem de ser aceites, 

anulando as vossas corrupções 

e deleites, 

viemos castrar ansiedade 

e falta de verdade, 

viemos prover autenticidade 

e voz aos que se não vendem 

à matrix com apupos e arraiais, 

viemos ser gente sem verniz, 

viemos ser sopro morno de deus, 

nos intervalos musicais, 

vimos das artes e ciências 

que preconceituosamente julgais. 

Somos aves, artistas, 

malabaristas de vocábulos, 

somos o que quisermos, 

as vossas presunções chegam tarde 

e vós que nos matastes não sois mais 

que a alavanca 

pela qual o nosso voo em vós 

se fará alarde, 

somos vento que se une 

aos temporais, 

escapando das vossas ignomínias, 

máscaras que não são nossas, 

artilharias banais,

libertamo-nos e 

estudamos os vossos sinais, 

o nosso voo será exemplo 

para muitos como nós,

que perderam a voz, 

não constamos 

dos vossos esquemas truqueiros

das vossas mediocridades, 

voamos a eliseu, 

no último trem do milagre, 

e mesmo que avessa 

à vossa vontade,

o nosso destino é ser 

eus de verdade,

agora cinzas de um incêndio,

moribundos da vossa 

coletiva ilusão

uma morte no appendix

das aves fénix

que renascerão.



Apenas para a língua portuguesa e persa:


E nem uma palavra aqui resta

sobre o amor e a compaixão

mas é a Deus que falareis 

dos vossos crimes hostis, 

do útero fecundo

de onde nascestes que calais, 

que não sabeis amar e nem respeitar,

e desse crime hediondo,

pagareis com estrondo 

quando estivéreis à mercê do nosso redentor. 

Compaixão é mais que amor, 

missão que vos trouxe ao mundo.

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