Alma Novaes





Adágio a porcis lentum



Ela havia de desmistificar

aquela charada opulenta, 

da era do apanágio,

era questão de tempo,

compasso de andare lenta, 

ora allegro ma no troppo  

e deixou-os marinar, 

em vinha d'alhos, sim, 

deixou-os pensar que sim, 

que acreditava em todo o tipo 

de injustiças e incoerências, 

em prescrições e comodismo,

em corrupção e desvario,

como se isso vestisse o todo, 

que se remediava no lodo

nas opulências fajutas e que ela

nada poderia fazer, a não ser

remar contra a maré

Que a pauta social,

o metrónomo,

era o mais-do-mesmo,

a escada torpe, o atalho 

que conhecemos, 

o social lamiré, 

numa ausência de escrúpulos

Ah, quantas apoteoses deu de si 

para que alterasse ora este, ora aquele. 

E fazia disso constatação

 e escolhia a oposição!

E a vida queria mostrar-lhe isso. 

Desumanidade é o que mais há

Desiste. Olha a porra que tens à volta! 

Que grande incêndio de hipocrisia

Contaminou esta sociedade de opúsculos


E há-que-Deus e o diabo 

que a boa samaritana 

era esta e aquela, 

uma panóplia de abstrações,

uma triangulação de interesses,

mas ó querida estás bem? 

Ora conta-me lá o que tens feito! 

E estas frases comuns 

eram o sumo todo

desta ilustre amostra de lodo, 

de uma pobreza mental 

de dar jeito,

substantivo de substrato 

fertilizante representativo

 dessa colheita de joio.

E que fez a desgraçada, 

Isolou-se, não foi?

 Puta que a pariu, 

ainda vai virar freira! 

Não, ela não! 

Que ela é gigueira,

Não pode ser só valores e mau feitio, 

tem que ter algo podre para 

nos ser mais semelhante, 

e não pode ser só pavio curto!

E agora, bem vistas as coisas, 

a desgraçada tinha era 

o semblante alterado, 

a culpa era das dioptrias

dessa visão de humanidade

Presto enviesava tudo! 

Não havia valor nos valores, 

Nesse mundo, no qual se regiam,

que os espertos povoavam 

como abutres, as moitas, 

não importava a latitude, 

era tudo podridão e vaidade, 

tudo mentira e leviandade, 

narcisismo de qualidade, 

maldade da pura! 

E tanta ignorância havia 

que chegou a acreditar 

que ela é que estava mal, 

e a amostra circundante, 

na sua constância de máscaras

e de Carnaval,

encontravam coerência 

nesse modo operandi

a grande maioria estava certa,

ela abriu a porta errada,

a da santa hipocrisia,

na sua grande maioria 

do tecido social!

O aparato!

Antes a nona sinfonia! 

Tinha que lhe faltar 

dois dedinhos de testa! 

E todos os que se tinham 

dela aproveitado

da sua generosidade, 

na utilidade diária, 

diziam que sim, que era otária, 

que lhe faltava muito 

para compreender o vazio animal

a ilustração caricata da cordialidade,

o que havia nela 

era tristeza de verdade

e muita determinação 

em não fazer parte 

dessa precária desumanidade

Sua santidade, a verdade

havia sido abnegada

em detrimento

das conveniências e quesitos

e jigajogas de oportunismos!

De vós, andando largetto, 

mantenho-me ermita

que é condição da jiga vertical

de onde venho, em concreto!

 


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