HELENA P. BLAVATSKY: SOBRE ANTIGUIDADES PERUANAS

 


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.. O relato mais interessante e completo que lemos, em muito tempo, sobre as antiguidades peruanas, vem da pena do já citado Heath of Kansas. Apesar de ter que condensar o quadro geral destes restos no espaço limitado de algumas páginas de jornal [1], Heath consegue apresentar uma imagem magistral e vívida da riqueza destas relíquias. Mais de um especulador enriqueceu, em poucos dias, profanando as “huacas”. Agora, os sacrílegos caçadores de tesouros deixam saqueados, sob a luz do sol tropical, os restos mortais de inúmeras gerações de raças desconhecidas, que ali repousaram, pacificamente, sabe-se lá por quantos anos. Vale a pena inserir as conclusões de Heath, talvez mais surpreendentes que as suas descobertas. Aqui está uma breve exposição do que ele descreveu:

 

“No vale de Jeguatepegue, no Peru, a 70 graus e 24' de latitude sul, seis quilômetros ao norte do porto de Pacasmayo, corre o rio Jeguatepegue. Na zona fronteiriça, atrás da margem sul, existe uma plataforma elevada com cerca de um quarto de milha quadrada e 13 metros de altura, toda em adobe. Uma parede de 16 metros liga-a à outra'. Tem 50 metros de altura, 66 metros de largura no cume e 166 metros na base, formando quase um quadrado. Este último foi construído em seções de câmaras, cuja base tem três metros quadrados, um metro e oitenta acima e quase três metros de altura. Todos os montes do mesmo tipo, templos de culto ao sol ou cidadelas, têm, no lado norte, uma inclinação que serve de entrada. Os caçadores de tesouros abriram metade do caminho e dizem ter encontrado ornamentos de ouro e prata no valor de US$ 150 mil.” Este foi o local de sepultamento de milhares de homens e, além dos esqueletos, foram encontrados abundantes ornamentos de ouro, prata, bronze, pérolas de coral, etc.

 

“Na margem norte do rio estão as extensas ruínas de uma cidade fortificada, com seis milhas de comprimento e três de largura […]. Ao seguir o rio até a montanha, você se depara com uma profusão de ruínas e huacas.” (Sepulturas). Em Toulon existe outra cidade em ruínas. Se subirmos cinco milhas ao longo do rio “encontramos uma rocha granítica solta, cujos diâmetros medem respetivamente um metro, vinte centímetros e dois metros, e estão pontilhados de hieróglifos. Se continuarmos por mais 14 milhas, cobre-se uma encosta da montanha para onde convergem dois desfiladeiros, de 17 metros de altura, com o mesmo tipo de hieróglifos: pássaros, peixes, cobras, gatos, macacos, homens, o sol, a lua e muitos formas estranhas e agora ininteligíveis. A pedra na qual estão esculpidas é arenito silicatado e muitas linhas têm um oitavo de polegada de espessura. Numa pedra muito grande, são observados três buracos profundos de vinte ou trinta polegadas. O buraco tem seis centímetros de diâmetro, enquanto o ápice tem dois […]. Em Anchi, no rio Rimac, na superfície de uma parede perpendicular, 65 metros acima do leito do rio, existem dois hieróglifos representando um B imperfeito e um D perfeito. Num interstício abaixo deles, perto do rio, foram descobertos ouro e prata no valor de 25 mil dólares. Quando os Incas souberam do assassinato de seu chefe, o que fizeram com o ouro que trouxeram como resgate? Corre o boato de que o enterraram […]. Talvez estes sinais em Yonan nos digam algo; já que está localizado na estrada e perto da cidade inca?”

 

O acima foi publicado em novembro de 1878, enquanto em outubro de 1877, na minha obra “Ísis Sem Véu”, Vol. I, apresentei uma lenda que, por circunstâncias que demorariam muito para ser explicada, considero perfeitamente verdadeira. Porém, um jornal mais satírico do que respeitoso, ao tratar desses mesmos tesouros do resgate inca, relegou-o à classe das histórias do Barão Munchausen.

 

(Helena P. Blavatsky)

OBSERVAÇÃO:

[1] Ver “Kansas City Review of Science and Industry”, novembro de 1878. (Nota de HPB)

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Fragmento do artigo “Uma Terra de Mistério - III”, que pode ser lido na íntegra aqui: https://www.filosofiaesoterica.com/una-tierra-misterio-iii/ .

 

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